quinta-feira, abril 25, 2013

EM ABRIL, CRAVOS MIL











 


 

(agora, a um ano do 40º aniversário da Revolução dos Cravos, reeditamos em
tempos de depressão o post de 2006)  

Eu estive no Chiado na manhã do dia 25 de Abril de 1974. Era muito novo e como
tantos outros lisboetas saí à rua transgredindo as ordens difundidas pela rádio. Foi
assim que assisti no Largo do Chiado à movimentação das tropas a caminho da sede
da pide na Rua António Maria Cardoso. A certa altura reparei que vinham grupos
de vendedeiras do Mercado da Ribeira a subir a Rua do Alecrim. Traziam cestas à
cabeça, e algumas traziam nos braços molhos de cravos vermelhos. Quando elas
chegaram ao Largo de Camões, no meio de toda aquela efervescência, começaram
a distribuir sanduiches aos soldados e a oferecer-lhes cravos. E vi que eles enfiavam
os cravos nos canos das espingardas. Eram os primeiros cravos da Revolução.
Desci depois para a Rua Garrett que já começava a encher-se de gente. Entre o medo
e a excitação, parei junto da antiga Casa Jerónimo Martins. Um chaimite vindo da
Rua Nova do Almada, passou à minha frente e dirigiu-se para o Largo do Carmo, por
entre a multidão que se aglomerava aclamando os militares. Um homem de cabelos
compridos saltou para cima do tanque e de braços abertos desatou a gritar qualquer
coisa sobre a liberdade. Então, mesmo a meu lado, uma mulher velha, baixinha e
curvada, começou a cantar com voz sumida: Heróis do mar, nobre povo... e de
imediato o hino nacional se espalhou por toda a rua.
(R)

> 39 cravos vermelhos + 3 cravos a ganhar cor para os próximos anos 
(composição fotográfica por Roteia/Ultraperiférico) 

1974
Comemorações da Revolução dos Cravos . Ultraperiférico
2013

1 Comentários:

Blogger bettips escreveu...

VIVAM!!!

28 abril, 2013 22:33  

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